Dia Nacional do Combate ao Câncer Infantil

DIA NACIONAL DO COMBATE AO CÂNCER INFANTIL.

Por Tiago Sofiati de Barros Carvalho

 

No dia 23 de novembro comemorou-se o Dia Nacional de Combate ao Câncer Infantil, data essa instituída pela Lei n. 11.650 de 2008, que estabeleceu os seguintes objetivos: estimular ações educativas e preventivas relacionadas ao câncer infantil; promover debates e outros eventos sobre as políticas públicas de atenção integral às crianças com câncer; apoiar as atividades organizadas e desenvolvidas pela sociedade civil em prol dessas crianças; difundir os avanços técnico-científicos relacionados ao câncer infantil; e apoiar as crianças portadoras de neoplasia maligna e seus familiares[1].

 

A relevância desse importante marco é evidente: hoje, o câncer já representa a primeira causa de morte por doenças entre crianças e adolescentes de até 19 anos e é a segunda causa de óbito neste grupo etário, superada somente pelos acidentes e mortes violentas[2].

 

Apesar desses dados alarmantes, estudo do Instituto Nacional do Câncer/Ministério da Saúde, realizado em 24/11/2016, aponta que a sobrevida estimada no Brasil por câncer nessa faixa etária é, em média, de 64%, índice calculado com base nas informações de incidência e mortalidade. Todavia, ressalta-se: esse percentual varia de acordo com a região do País, sendo que os índices mais elevados são das regiões Sul e Sudeste, com 75 e 70%, respectivamente[3].

 

Ainda, independentemente da região onde a enfermidade está localizada, para aumentar a chance de cura, é imprescindível que o “diagnóstico seja precoce e o tratamento seja realizado em centros especializados, com oncologistas pediátricos treinados e toda a equipe multiprofissional especializada na atenção a criança com câncer”, explica Sima Ferman, chefe do Serviço de Oncologia Pediátrica do INCA[4].

 

Portanto, a existência de uma equipe multidisciplinar e especializada é de suma relevância, vez que é preciso reconhecer que a criança “não é um adulto pequeno, tem um organismo e reações diferentes e responde ao tratamento de forma igualmente diferente dos adultos[5].

 

Não à toa, diferentemente do câncer em adultos, o infantil geralmente afeta as células do sistema sanguíneo e os tecidos de sustentação do corpo (tumores que afetam os glóbulos brancos, do sistema nervoso central e linfomas, do sistema nervoso periférico, renal, que afetam retina e fundo dos olhos, ósseos, etc[6]), enquanto que o câncer em adultos afeta as células do epitélio, que recobre diferentes órgãos (mama, pulmão, intestino, entre outros)[7].

 

Além disso, os tumores dos cânceres infantojuvenis crescem mais rapidamente do que os dos adultos e tornam-se invasivos, porém, respondem melhor ao tratamento, o que somente reforça a necessidade de um diagnóstico precoce, destacando, do mesmo modo, a importância dos pais, familiares, amigos, professores, etc saberem identificar os sinais e sintomas da doença, que, inclusive, são muito parecidos com os de doenças comuns da infância[8].

 

Portanto, eis alguns dos sintomas que, se identificados, a criança ou o adolescente deve ser encaminhada, o quanto antes, ao médico pediatra (se tiver até 12 anos) ou ao médico clínico geral (a partir dos 13 anos): a) palidez ou sangramento e dor óssea; b) caroços ou inchaços, especialmente se indolores e sem febre e outros sinais de infecção; c) perda de peso inexplicada ou febre, tosse persistente ou falta de ar, sudorese noturna; d) alterações oculares: pupila branca, estrabismo de início recente, perda visual, hematomas ou inchaço ao redor dos olhos; e) inchaço abdominal; f) dores de cabeça, especialmente se incomum, persistente ou grave, vômito (em especial pela manhã ou com piora ao longo dos dias); g) dor em membros, inchaço sem trauma ou sinais de infecção; h) fadiga, letargia ou mudanças no comportamento, como isolamento; e i) tontura, perda do equilíbrio ou coordenação[9].

 

Por fim, e não menos importante, falemos da situação na qual a criança ou o adolescente se vê diante da necessidade de tratamento. Ou seja, diante da possibilidade da existência de um câncer.

 

Fundamental nesse momento, de acordo com especialistas do INCA, será a promoção de um tratamento humanizado, ou seja, aquele no qual subsistirá todo esforço necessário para que os procedimentos sejam menos dolorosos e invasivos. Afinal, diante de um diagnóstico de câncer, o medo afetará não somente a criança, mas também seus pais.

 

Caberá, portanto, “aos profissionais de saúde acolher a todos, esclarecendo o que for possível para que o nervosismo dê lugar a um vínculo de tratamento em que o querer, os desejos e os medos dos pacientes, bem como os de seus pais, possam ser expressos”. Do mesmo modo, “a rede de suporte social, a escola, por exemplo, também funcionará como importante recurso no tratamento oncológico infantil”[10].

 

Vê-se, então, que, apesar de todo cenário inicial de angústia e preocupação quando da descoberta de um câncer, é preciso que toda a família – incluindo aqui a própria criança ou adolescente – saiba que a cura é possível, e que o trabalho preventivo e de acompanhamento particularizado durante os procedimentos indicados são essenciais para o alcance da cura.

 

Ademais, para fins informativos, o Instituto de Neurologia de Curitiba oferece tratamento gratuito para crianças com tumores cerebrais, dando vida ao Projeto INC Neuro Kids (para maiores informações: incneurokids@hospitalinc.com.br ou telefone (41) 3373-7723). Dentre outras instituições, há também a Associação Paranaense de Apoio à Criança com Neoplasia, primeira a amparar crianças e adolescentes com câncer no Brasil (para maiores informações: apacn@apacn.org.br e telefone 41. 3024-7475).

 

 

Tiago Sofiati de Barros Carvalho é advogado inscrito na OAB/PR sob o n. 97.142 e membro da Comissão da Criança e do Adolescente da OAB/PR. Graduado em Biologia pela PUCPR e em Direito pela UNICURITIBA e Pós-Graduado em Direito Socioambiental pela PUCPR. Advogado criminal e socioeducativo.

 

 

 

 

 

 

[1] Lei n. 11.650 de 2008, que institui o Dia Nacional de Combate ao Câncer Infantil e dá outras providências.

[2] Sobrevida de pacientes infantojuvenis com câncer é de 64% no Brasil: Disponível em: https://www.inca.gov.br/noticias/sobrevida-de-pacientes-infantojuvenis-com-cancer-e-de-64-no-brasil.

[3] Idem

[4] Idem

[5] Disponível em: https://accamargo.org.br/noticias/dia-nacional-de-combate-ao-cancer-infantil.

[6] Prevenção do câncer infantil: Disponível em: http://www.oncoguia.org.br/conteudo/cancer-infantil/98/6/.

[7] Idem

[8] Sobrevida de pacientes infantojuvenis com câncer é de 64% no Brasil: Disponível em: https://www.inca.gov.br/noticias/sobrevida-de-pacientes-infantojuvenis-com-cancer-e-de-64-no-brasil.

[9] Disponível em: https://www.inca.gov.br/sites/ufu.sti.inca.local/files//media/document/folder-cancer-de-crianca_0.pdf.

[10] Carta da equipe Multidisciplinar da Oncologia Pediátrica aos pais ou responsáveis pelas crianças e adolescentes com câncer: Disponível em: https://www.inca.gov.br/tratamento/carta-da-equipe-multidisciplinar-da-oncologia-pediatrica-aos-pais-ou-responsaveis.

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